As Espadas-de-Ogum que sonham onças-fantasma
Ou habitabilidades de resposta, enraizamentos conceituais
DOI:
https://doi.org/10.47284/2359-2419.2022.32.325344Palavras-chave:
Antropoceno, ruínas, multiespécies, domesticação, intervençãoResumo
Com o intuito de responder aos constrangimentos socioambientais (im)postos pelo Antropoceno e por meio das “artes de atentividade” dos estudos multiespécies, procuramos desacelerar diante da ruína da antiga ponte do Jaguaré que transpõe o rio Pinheiros, na cidade de São Paulo. A partir dessa hesitação, tomamos emprestado dois conceitos: o primeiro, trabalhado por Donna Haraway, que se refere às habilidades de resposta (response-ability) e o segundo, trabalhado pela antropóloga Anna Tsing, que se refere às habitabilidades (liveability). Propusemos emaranhá-los e rearranjálos de maneira a produzir um terceiro conceito: as habitabilidades de resposta (responslive-ability), isto é, a capacidade das habitabilidades cultivarem respostas possíveis às questões emergentes no tempo das catástrofes. A hipótese é de que as ressurgências das ruínas da antiga ponte do Jaguaré guardem e cultivem respostas, através das habitabilidades multiespécies, para os vestígios de infraestruturas industriais postas pelas exigências produtivas da cidade de São Paulo.
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